OpenAI, Meta e a busca por lucro
O debate em andamento sobre a comercialização da IA acaba de ser sacudido novamente. Desta vez, a responsável é a Meta.
A empresa acaba de pedir ao procurador-geral da Califórnia que bloqueie os planos da OpenAI de se tornar uma empresa com fins lucrativos. Isso pode ter implicações significativas para o futuro do desenvolvimento e regulamentação da IA.
A ação da gigante das mídias sociais se junta a outros players importantes do setor tecnológico. Elon Musk é outro que já entrou com ação para tentar bloquear o movimento visando lucro da OpenAI. Mas qual será a razão para essas contestações?
Interesses financeiros com roupagem de preocupação social
A OpenAI foi fundada como uma organização sem fins lucrativos. Sua criação teve como objetivo desenvolver uma inteligência artificial segura e benéfica para o bem público. A transição para uma empresa com fins lucrativos é vista como o abandono dessa missão. No entanto, não se iluda em achar que os indivíduos e empresas tentando bloquear a iniciativa da OpenAI estão muito preocupados com o bem da humanidade. A briga é por dinheiro.
Segundo fontes com conhecimento sobre o assunto, os críticos argumentam que a OpenAI aproveitou seu status de organização sem fins lucrativos para obter benefícios fiscais e financiamento antes de se voltar para o lucro privado. Isto abre uma vantagem competitiva da OpenAI sobre outras empresas do setor. Há também preocupações de que a busca por lucro entre em conflito com o desenvolvimento de uma IA segura e benéfica.
OpenAI: aberta só no nome
Muitos críticos também apontam o dedo para a falta de transparência e abertura dos modelos da OpenAI. Desde que anunciou a intenção de buscar lucros, a OpenAI mudou de uma abordagem de código aberto para um modelo mais fechado. Esta mudança contradiz seu nome e ethos original. Neste quesito, a Meta pode se orgulhar. A empresa tem contribuído significativamente para a liberação de modelos de códigos abertos e com licenças permissivas (veja alguns exemplos aqui e aqui).
No entanto, hoje, a empresa que mais colabora com a liberação de modelos abertos é a chinesa Alibaba Cloud criadora dos modelos Qwen. Sua última liberação é a de um LLM com raciocínio.
Redirecionamento para parcerias militares
Em busca de lucro, a OpenAI também assinou parcerias com o setor militar, seguindo os caminhos de várias outras empresas de tecnologia americanas. A própria Meta já abandonou sua política anterior e hoje disponibiliza suas tecnologias para fins militares. As empresas de Elon Musk também recebem bilhões de contratos com o Pentágono.
Portanto, embora as críticas à busca por lucro pela OpenAI tenham argumentos válidos, elas também têm um forte grau de cinismo.